*Por Vladimir França
Está ficando cada dia mais difícil recrutar pessoas qualificadas no mercado
de trabalho. Essa dificuldade já não está mais restrita a um setor de atividade,
mas permeia por todos eles indistintamente. No Brasil, devido ao crescimento da
economia nos últimos anos e, por consequência disso, da redução da taxa de
desemprego (atualmente por volta dos 6%), podemos afirmar que hoje em dia o rabo
é de quem está correndo atrás do cachorro.
Esse crescimento brasileiro tem agravado a falta de mão de obra qualificada.
Hoje existem muitas oportunidades de emprego para quem está procurando uma vaga
no mercado de trabalho. Mas aí reside um perigo muito grande, que é a falta de
qualificação dessas pessoas. Infelizmente o mercado de trabalho está cheio de
profissionais diplomados e de baixa qualidade.
Isso se deve e muito ao baixo nível de ensino não só nas escolas de ensino
médio, mas, também, nas de ensino superior que não preparam essas pessoas para
enfrentar o mercado de trabalho. A proliferação de faculdades de baixo nível é
algo assustador e isso pode ser constatado não só por exames que reprovam até
90% dos candidatos (caso do exame da OAB), como também pelos textos que se leem
e onde se constata que a maioria mal sabe escrever e concatenar ideias. O nível
de conhecimento de todos esses alunos vem caindo ano após ano e não se vê
perspectivas de melhora no curto prazo. Para que haja essa melhora é preciso que
todos, autoridades governamentais, professores, pais e os próprios alunos se
conscientizem dessa necessidade de mudança.
Essa geração atual, que está vivendo e sendo criada em um ambiente
tecnológico de ponta, não se utiliza de todo esse ferramental para o
aprendizado, muito em função também do despreparo de quem tem a incumbência do
ensino. Infelizmente a grande maioria dos professores está muito pouco
familiarizada com essas novas tecnologias e o quanto elas podem ser úteis no
auxílio à formação dos alunos.
Em função da escassez dessa mão de obra qualificada, para se conseguir um
empregado de nível razoável, as empresas têm que fazer um esforço muito grande
para tirá-lo da empresa em que ele está trabalhando e, também, oferecer muito
mais benefícios do que aqueles que ele já tem.
Mas o que muitas vezes acontece, depois de um exaustivo processo de seleção e
escolhido o candidato considerado ideal para a posição, esse empregado ao pedir
demissão recebe da empresa atual uma oferta para continuar na empresa. É somente
nesse momento que as empresas percebem a importância e a necessidade de se
manter um bom funcionário do que começar a "via crucis" para a reposição. No
entanto, o que é mais comum de se acontecer na hora de recrutar, é que nem nessa
fase se chega, pois logo de início, ao se aplicar um mero teste de conhecimento
sobre a área de trabalho, o que se vê, lamentavelmente, é um resultado sofrível.
E muitas vezes esse candidato, não qualificado, deseja ganhar mais do que a
empresa está disposta a pagar para esse cargo, o que em muitos casos é mais do
que ganha um funcionário já qualificado, dessa mesma empresa.
A solução encontrada por muitas empresas, para reduzir esse problema, tem
sido a contratação de pessoas com potencial, mas sem qualquer experiência, para
treiná-las e capacitá-las através de cursos que sejam moldados à sua
necessidade.
Pode-se afirmar com certeza que a seleção adequada de pessoas depende o
sucesso ou fracasso de um empreendimento empresarial. O recrutamento e a seleção
de pessoas são partes críticas da área de Recursos Humanos, pois o recrutamento
custa muito caro para a empresa, mas a correção de eventuais erros cometidos
nesse processo pode custar muito mais.
Tudo o que foi dito acima se aplica totalmente para o mercado de distribuição
de produtos e serviços de TI. Nada é diferente. Os desafios e as dificuldades
sempre foram e serão os mesmos. A distribuição de TI também enfrenta uma
dificuldade que é a profissionalização do setor. A dificuldade para se encontrar
gente especializada em TI, talvez seja bem maior que em outros setores, pois
para muitas funções não existem cursos para a formação de mão de obra
necessária. Isso acaba levando as empresas a investir na formação dessas
pessoas, porém correndo um risco real de perdê-las, às vezes em troca de um
salário maior, às vezes em troca de uma perspectiva futura melhor.
Acreditamos que com o crescimento da economia nos próximos anos, o grande
desafio das áreas de RH das empresas não será somente o de recrutar pessoas qualificadas e
capacitadas, mas principalmente o desafio de reter as mesmas na
organização.
*Vladimir França, diretor executivo da
ABRADISTI
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